domingo, 3 de agosto de 2008

Sensações despejadas no papel


"O Homem sem rosto", by Mr. Dheo



Poesia ou não, é isto que me vem do coração, da alma.
O papel é como uma parede calma, serena que me acena a cada passagem, que me leva a desejar libertar o meu "grito" de revolta, mesmo que escreva só uma palavra que nada tenha a ver com o assunto, ela vai, corre a boca do meu mundo, e volta, mas na volta chega com interpretações diferentes, mas muitas vezes mais coerentes do que a ideia inicial. E isto é o que me leva a avançar, a querer alcançar algo que presentemente me é impossivel.

Porquê as paredes e não me deixar ficar pelo papel? Porque nas paredes, o que coloco eterno é, assim como o é a cegueira da sociedade cheia de regras e etiqueta, cheia de frieza.
Juntando-lhe também o facto de que o que estamos a fazer vai irritar alguém ao acordar, não por estar em propriedade privada mas sim por ser mais uma parede publíca "vandalizada". Eu chamo-lhe falta de interpretação.

Legalizar paredes para quê? Se parte do deleite está em fazer algo que não é aceite.
Esta é uma revolução silenciosa, muitas vezes de uma só palavra, um só rosto. Quem faz por gosto sabe daquilo que falo, sabe o que é arte e o que não é, quem está por fora ou acha giro, ou fica indiferente.

2 comentários:

Aníbal C. Pires disse...

Percebo o espírito mas tenho algumas reservas quanto à utilização de determinados locais.

Maria Margarida Silva disse...

O desenvolvimento dos meios de comunicação de massas permitiu a difusão deste movimento cultural (Hip-hop). A certa altura, deparámo-nos com paredes e muros cobertos de desenhos coloridos, incompreensíveis ao olhar de muita gente, mas demasiado evidentes no quotidiano para que se possa passar por eles com indiferença.
O graffiti é considerado ainda (e infelizmente…) pela maioria das pessoas como uma prática selvagem, realizada por jovens delinquentes e marginais.
Na minha opinião, há que ter um certo cuidado na escolha dos locais para o fazer e não graffitar sem qualquer sensibilidade estética, pois isso só empresta um mau nome a essa arte e não contribui em nada para apagar essa imagem negativa que acabei de citar.
Solicitar o apoio das Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais das respectivas localidades é uma boa opção, embora saiba que nem sempre o acolhimento é o melhor. Mas, desistência é resignação, demissão, conformação...
Não posso deixar de finalizar o meu comentário, João, sem uma citação (é um dos meus vícios…):
“A arte de um povo é a sua alma viva, o seu pensamento, a sua língua no significado mais alto da palavra; quando atinge a sua expressão plena, torna-se património de toda a humanidade, quase mais do que a ciência, justamente porque a arte é a alma falante e pensante do homem, e a alma não morre, mas sobrevive à existência física do corpo e do povo.”
Ivan Turqueniev

Um beijinho e NUNCA desistas dos teus sonhos.
margarida